terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Vista do céu

Se no chão você já é linda, vista aqui do alto fica ainda mais deslumbrante.

Ilha de diversas caras, da laguna e das lagoas, dos rios e cachoeiras, das praias mansas e bravas. Da linda Dama de Ferro que leva do nada a lugar nenhum. Ilha da minha casa encantada (vizinha do mato e do mar).

Me sinto tão tua, como se nunca tivesse chegado. E, toda vez que parto, por mais que goste do resto do mundo, me bate uma pontinha de saudade.

Mas eu já volto. Já volto.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Ah, a barriguinha

Não, nada contra as barrigas tanquinho. Mas foi aquela pochete dele que mexeu com ela. Lembrava os homens que ela amou de verdade. Os sem muita vaidade, com barba por fazer (não por charme, mas por pura preguiça de barbear).

A delicada camada de tecido adiposo na região abdominal do rapaz fez com  que ela imaginasse a maciez proporcionada pela pressão daquele corpo sobre o dela.

A gordurinha podia representar qualquer coisa, mas ela apostava que ele gostava do que era bom: cerveja bem gelada, carne mal passada, cafezinho e quiçá um cigarrinho.

No cair de uma madrugada qualquer, para lembrar como é que era, amou de mentira um homem de verdade, por algumas horas.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Sobre o que não foi dito

Quando você foi embora, deitei no travesseiro que você usou e lembrei que também gosto do seu cheiro.
Pensei em lhe contar, ao responder o e-mail que me mandou dias depois.
Aí ensaiei lhe dizer, também, que gosto da relação que temos agora, de como nosso amor se transformou.
Na verdade, falo do meu, porque do amor do outro nada se sabe, por mais declarado que seja.
É muito provável que eu nunca tenha deixado de gostar do seu cheiro. Pensando bem, não deixei de gostar de você também - muito embora já tenha odiado coisas que você tenha feito.
Respondi ao e-mail sem dizer estas coisas. Já deixei de falar outras tantas, mais importantes à época, que achei melhor me calar.
Mas hoje, vendo um filme triste, o meu peito se encolheu diante das lembranças do que não vivi ao seu lado.
Depois, com alegria, me emocionei com a beleza do que o tempo fez em nós. E no que eu sinto.
Ainda lhe quero bem e feliz. Mas não me deixa mais triste não te ter.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Enquanto o cotidiano consome, devoro a vida pelas beiradas.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

E com a euforia de uma criança, brinco, canto, danço e vivo cada dia, como se fosse o primeiro.

Mulheres

E esse papo de que "mulher isso, homem  aquilo, mulher é mais assim, homem é mais assado"? Confesso que me tira do sério.
A mulherada já queimou os sutiãs faz tempo, e ainda tem gente que engole certas características que nos ensinaram, mas que não nasceram com a gente.
Pessoas são diferentes umas das outras. Ponto.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Quebra-cabeça esquisito

"E aí, ainda está em Floripa?"
O SMS chegou de um número que ela não conhecia. A moça, então, resolveu responder perguntando quem era.
"Um guri que tu conheceu no bar tal e com quem tu ficou no lugar tal", foi a resposta. O lugar tal era outro que não o bar tal.
Um breve passeio na memória e, sim, os lugares eram conhecidos, outrora frequentados com mais intensidade. Mas nada de encontrar o momento em que havia conhecido alguém no tal bar e ficado, mais tarde, no tal lugar.
Outras mensagens se seguiram. Mais e mais elementos iam bagunçando este quebra-cabeça esquisito que teimava em não se encaixar. O encontro teria sido há mais ou menos um ano, a moça teria gostado de ficar com ele, mas no dia seguinte ao affair ele teria aparecido acompanhado de outra garota (o que explicaria o fato dos dois não terem se falado mais desde a época).
Poderia ser alguém que ela conheceu em algum momento, talvez nessa noite em que ele conheceu a tal menina pra quem achava que estava mandando a mensagem. Mas o jovem (ele não tinha contado a idade,  ela imaginou que era) sabia o nome dela.
Então, pensou ela, só pode ser alguma amiga com algum número novo de celular, tirando uma onda.
"Bom dia, fulana (disse o nome dela)", escreveu em uma mensagem matutina, já no segundo ou terceiro dia de conversas desencontradas via SMS.
"Um bom dia pra ti também, fulano (a essa altura, ela sabia o nome dele, apesar de não lembrar de ninguém assim chamado que tivesse conhecido nos últimos sete ou dez anos), mas acho que estás me confundindo", respondeu a moça.
" Se você é alta, tem cabelos loiros e cacheados, gosta de metal e é do Oeste de Santa Catarina, não estou me confundindo" concluiu o jovem.
A menina era baixa, tinha cabelos castanhos e lisos. E gostava, mesmo, de samba. Ah, ela nunca tinha ido ao Oeste do Estado, apesar de ter parentes e amigos de lá.
Ela quis saber se o tal jovem existia. Perguntou se ele tinha conta num desses sites de relacionamentos. O guri existia, mesmo. A página não parecia fake. Mas ela tinha certeza que nunca tinha visto ele antes.
Os dois se encontraram, um tempo depois, pessoalmente, ao acaso. Eles não faziam a mínima ideia de como ele tinha o celular dela. O jovem e a moça riram da história toda.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Adulta

Paga multa, IPVA, licenciamento. Tudo em dia, sem atraso. Tudo certo? Nada. Precisa pegar o tal documento atualizado no Detran. Só que tem que levar multa por isso, pra se tocar.

O  imposto de renda já fica retido na fonte. Só que tem que declarar. Mesmo que depois, receba a restituição. Não era mais fácil nem cobrarem?

Faz orçamento doméstico, verifica extrato bancário. Luta contra pelos, gordura, rugas e pintas que insistem em fazer parte do corpo.

É difícil ser gente grande. Talvez por isso, nunca tenha crescido.

sábado, 9 de abril de 2011

E onde fica a memória daquilo que já não lembrávamos?
As mesmas experiências, outras lembranças.Talvez sejam vivências diferentes.
Tomara que alguém não esqueça pra contar depois.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Lembranças embaralhadas de uma noite despretenciosa

Maria Padilha, Maria Quitéria e Maria Mulambo bebem um vinho, serenas, em casa.
As garrafas se esvaziam. As entidades despertam. É o fim da calmaria.
A rua, deserta, escura, não impõe medo, nem trava.
Lá se vão elas, atrás de outros goles de alguma alegria.

Não querem bares, baladas. Uma breve volta no bairro e a solução se apresenta.
Dentro da loja do posto, algo se movimenta, e o aviso fica bem claro: lá tem cerveja gelada.
Tudo bem que é de cevada e até há pouco ingeriam uva.
Não pensam em mais nada. Escolhem a  marca, pagam. O tempo marca pra chuva. É hora de ir embora.

Maria Quitéria não vê muita coisa, mas a pontaria é certeira.
Tem dois lindos ali, parados - avisa -, como é que não vimos antes? Pede, aí, o telefone.
Maria Mulambo não pensa. Para o carro e obedece.
A volta pra casa é adiada e a conversa vai longe. Termina de manhã, onde começou só com as três.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Tão simples e tão essencial

Oito toques no telefone. Algumas chamadas. Viajo no tempo e no espaço e, como que, telepaticamente, estou lá com eles.
A mãe ainda está ofegante, porque correu ao escutar o trim trim.
- Oi! Tá todo mundo aqui.
A vó serve o chimarrão enquanto dá uma conferida no que está preparando pro almoço.
Rafala espia na geladeira o que vai ter de sobremesa. Rogus inventa alguma brincadeira e fez origamis pra toda a família. Luana se estica no sofá enquanto Luiza incentiva, sorridente, que registremos o momento pra posteridade. Rafa adora a ideia, porque descobriu o que quer ser quando crescer: retratista. E se oferece pra fazer os cliques.
Samuel acorda com a cara inchada e confere o que está acontecendo.
O cheirinho do churrasco invade a casa. Em volta do fogo, vô, Miro e o meu pai. Cada qual dá uma mexida na brasa e nos espetos.
O mate acabou e alguém aparece com aquela caipirinha mais que gostosa.
O salsichão e os coraçõezinhos estão prontos. Rogus quer servir. Passa o prato com o aperitivo e os palitinhos.
Marli já se antenou que está na hora de aprontar o arroz. Ajuda a colocar a mesa.
Dois cães - o da casa e o visitante - se estranham: um pensa que foi trocado. O outro está deslocado. Eles disputam espaço.
O saldo do bônus da operadora está acabndo.
- Mãe, vou ter que desligar. Manda um beijão pra todo mundo aí. To morrendo de saudade.
- A vó tá perguntando quando é que tu vens. Vem na páscoa, né?
- Sim, na páscoa passo quatro dias aí.
Desligo o telefone, e demoro um pouco para voltar do breve passeio. É um bem-estar difícil de explicar. Me sinto em casa, mesmo a 630 quilômetros de distância.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

E como é que faz?

Quando esquece-se como faz pra dormir?
Ok, isso aqui não é twitter, mas eu nunca acostumei com aquele negócio.