terça-feira, 30 de agosto de 2022

Pesadelo

Ela estava no banho. Ele chegou irado, abrindo a porta do banheiro, furioso, com ódio no olhar, dizendo a ela que ela tinha pedido, que não parava de pedir.
Ela não tinha pedido, mas ele empurrou pra ela o que ela não tinha pedido, mesmo assim.
Ela tentava explicar que não queria. Ele não ouvia.
Muitas pessoas vieram ver a cena. Ela estava ali, desnuda, querendo ser ouvida. Não foi. Estava sendo julgada.
Foram todos para a sala, ela já vestida.
Tentou falar e ele a agrediu com um tapa, empurrões. Foram agressões físicas mas que de fato não tinham doído no corpo. Mas doeram.
Ela saiu da sala. Foi para o quarto. Estava ferida. Voltou para a sala dizedo que faria uma denúncia. Ele fugiu.
Outra pessoa pediu a ela que não o denunciasse, tadinho, estava nervoso e sempre foi tão bom com ela.
Ter sido bom com ela não o autorizava a machucá-la, disse ela.
Ela acordou chorando. Tinha sido um pesadelo, mas tinha significado demais.

terça-feira, 9 de agosto de 2022

Se joga, mas não te ocupa demais com isso

Estava ali, entregue, disposta a tentar de novo, empolgada como uma criança que sabe nadar e que quer dar um lindo salto de um trampolim para a piscina, mas não aprendeu ainda.

O salto não deu certo. De novo. Foi gostoso o impulso, a queda, mas foi como cair de barriga. E ficou uma dorzinha chata depois.

Como boa tutora de mim mesma que tenho tentado me tornar… aconselhei à própria criancinha empolgada que vive dentro de mim.

Vai treinando, querida. Quem sabe em outra piscina, no rio, no mar. Talvez de outro trampolim.

Em algum momento o salto dá certo. Vai se divertindo enquanto ensaia. E te ocupa com outras coisas.

terça-feira, 2 de agosto de 2022

Confusa

Já não queria mais misturar sexo e amizade. Tudo fica muito confuso quando se fundem.

Afinal, o que seria a amizade se não uma forma de amar? Difícil não embananar tudo.