segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Versinho avoado

Encontros intensos
Encontros fugazes
Me tiram do centro
Me deixam nos ares

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Amor incondicional

Tem coisa mais sincera do que amor de mãe e de pai?
Nem sempre é um amor gostoso, digamos assim.
Eles cobram, eles reclamam.
Pai e mãe têm jeitos tortos de demonstrar amor, às vezes.
Outras vezes não conseguem demonstrar.
Alguns pais/mães querem a gente sempre perto. Não querem que assinar alforria.
Outros querem nos preparar para a vida. Querem que a gente se solte no mundo, seja independente.
Todos eles acham que estão fazendo bem pros filhos. E querem o bem dos seus eternos bebês.
Coisa boa ter ou ter tido (no caso de quem não tem mais) papai e mamãe por perto, nem que seja por um tempinho.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

TPM

E, na semana prevista, o estado de espírito fica tão volúvel quanto o de uma criança.
Alegria, tristeza.
Compreensão, irritação.
Empolgação, desânimo.
Graça, desgraça.
Alívio, desespero.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Burrice

(escrito em agosto de 2009)
Não suporto gente burra.
Não falo de ignorância, inocência, falta de saber.
Falo de incapacidade e/ou preguiça de pensar.
Gente burra, curta de intelecto, por mais que tenha patente ou formação, nunca deixa de ser burra.
Burrice irrita.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Saborear a vida

(escrito em abril de 2009)

Esse ano, na Sexta-feira Santa, para ser mais precisa, perdi um grande colega. No ano passado, em julho, perdi um dos meu melhores amigos.

Os dois morreram tragicamente aos 26 anos. Eram mais jovens do que eu.

Ainda dói e provavelmente doa sempre que eu lembrar desses dois queridos. A impressão é que eles foram arrancados do mundo. Tão bons. E tão simples. Tão amados.

Em momentos como esse, de morte, me pergunto se existe outra vida, depois dessa. Adoraria ter certeza disso. Mas, sinceramente, não sei se acredito.

Em meio a tristeza de perdê-los, amigos queridos, percebi uma doce semelhança entre vocês dois, que nem se conheciam. Uma das principais virtudes de vocês estava justamente em saborear a viagem da vida, mesmo sem ter certeza do destino.

Obrigada pela lição. É com pessoas leves de espírito e boas de coração como vocês que a gente aprende a viver.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O teu passado te condena

(Escrito em maio de 2009)

Tamanduá não teve dúvida. Dois revólveres municiados seriam suficientes. Um acomodado em cada lado da cintura. E lá se foi. Ficou de tocaia no portão da casa do filho-da-puta.

Estava escuro e o Beco da Jóia Rara parecia ainda mais escuro. O Centro era logo ali e mesmo ali, no bairro Agridoce, haviam várias ruas asfaltadas. Postes de luz. Mas não era o caso daquele caminho de chão com saída pra lugar nenhum.

Mesmo assim, Tamanduá conhecia cada canto daquele lugar e poderia caminhar tranquilamente por ali sem esbarrar em nada não quisesse, mesmo que fosse cego. Privilégio - ou azar - de poucos que tinham visto a comunidade nascer.

Não foi preciso muito tempo para a movimentação na casa começar, naquela casa de tábuas desalinhadas e infestadas de cupim como tantas outras dali.

A mulher do desgraçado se aproximou do portão. Jesuíno estava tirando a moto do pátio. A hora dele tinha chegado.

Como se fosse um filme de bangue-bangue, Tamanduá sacou as duas armas e descarregou a munição toda na direção do desafeto. Ele merecia cada disparo.

A mulher de Tamanduá, Mileide, e de Jesuíno, Dieini, não se davam. Eram vizinhas. Mas o santo de uma não batia com o da outra. Naquele dia, antes da sinfonia de tiros, as duas tinham trocado umas verdades.

As mulheres e os veados, em geral, sabem bem o que dizer quando querem machucar.

- Teu marido já foi meu - alfinetou Mileide.

- O quê?

- Corria atrás de mim como um cachorrinho. A gente teve um casinho, mas eu não curti, não. Eu chutei e tu catou.

Dieini ficou puta. Foi tirar as caras com o marido.

- Tive que ouvir aquilo daquela vagabunda. Agora vai querer negar?

A coisa estava feia para Jesuíno. O que deu na cabeça daquela outra? Não tinha nada que fazer intriga para complicar o casamento dos alheios. O jeito era falar com o Tamanduá. Ele daria um jeito na mulher. Um para-te quieto.

- Cara, a tua mulher foi fazer intriga com a minha. Foi falar do caso que a gente teve lá no passado, eu e ela. Acho que tu devia dizer pra ela não fazer mais isso...

- Tu e a Mileide tiveram um caso? Aaaaaaah, tá...

Não demorou muito para conseguir dois revólveres. O passado de Jesuíno o condenava. O condenou.

Rascunho

Eu gosto de histórias. Gosto de ouvi-las. Gosto de contá-las. Gosto de vivê-las.
Inventei este blog, a princípio, pra rascunhar histórias.
Mas também pra fazer uns desabafos. E para escrever alguns pensamentos soltos. E impressões. Bobagens também.
Pra rascunhar o que der na telha. Sem compromisso com a seriedade, nem com o humor. Nem com algum estilo literário.
Um rascunho, só um rascunho.