Postagens

Adulta

Paga multa, IPVA, licenciamento. Tudo em dia, sem atraso. Tudo certo? Nada. Precisa pegar o tal documento atualizado no Detran. Só que tem que levar multa por isso, pra se tocar. O  imposto de renda já fica retido na fonte. Só que tem que declarar. Mesmo que depois, receba a restituição. Não era mais fácil nem cobrarem? Faz orçamento doméstico, verifica extrato bancário. Luta contra pelos, gordura, rugas e pintas que insistem em fazer parte do corpo. É difícil ser gente grande. Talvez por isso, nunca tenha crescido.
E onde fica a memória daquilo que já não lembrávamos? As mesmas experiências, outras lembranças.Talvez sejam vivências diferentes. Tomara que alguém não esqueça pra contar depois.

Lembranças embaralhadas de uma noite despretenciosa

Maria Padilha, Maria Quitéria e Maria Mulambo bebem um vinho, serenas, em casa. As garrafas se esvaziam. As entidades despertam. É o fim da calmaria. A rua, deserta, escura, não impõe medo, nem trava. Lá se vão elas, atrás de outros goles de alguma alegria. Não querem bares, baladas. Uma breve volta no bairro e a solução se apresenta. Dentro da loja do posto, algo se movimenta, e o aviso fica bem claro: lá tem cerveja gelada. Tudo bem que é de cevada e até há pouco ingeriam uva. Não pensam em mais nada. Escolhem a  marca, pagam. O tempo marca pra chuva. É hora de ir embora. Maria Quitéria não vê muita coisa, mas a pontaria é certeira. Tem dois lindos ali, parados - avisa -, como é que não vimos antes? Pede, aí, o telefone. Maria Mulambo não pensa. Para o carro e obedece. A volta pra casa é adiada e a conversa vai longe. Termina de manhã, onde começou só com as três.

Tão simples e tão essencial

Oito toques no telefone. Algumas chamadas. Viajo no tempo e no espaço e, como que, telepaticamente, estou lá com eles. A mãe ainda está ofegante, porque correu ao escutar o trim trim. - Oi! Tá todo mundo aqui. A vó serve o chimarrão enquanto dá uma conferida no que está preparando pro almoço. Rafala espia na geladeira o que vai ter de sobremesa. Rogus inventa alguma brincadeira e fez origamis pra toda a família. Luana se estica no sofá enquanto Luiza incentiva, sorridente, que registremos o momento pra posteridade. Rafa adora a ideia, porque descobriu o que quer ser quando crescer: retratista. E se oferece pra fazer os cliques. Samuel acorda com a cara inchada e confere o que está acontecendo. O cheirinho do churrasco invade a casa. Em volta do fogo, vô, Miro e o meu pai. Cada qual dá uma mexida na brasa e nos espetos. O mate acabou e alguém aparece com aquela caipirinha mais que gostosa. O salsichão e os coraçõezinhos estão prontos. Rogus quer servir. Passa o prato com o aperi

E como é que faz?

Quando esquece-se como faz pra dormir? Ok, isso aqui não é twitter, mas eu nunca acostumei com aquele negócio.

Declaração de um amor que tem limite

Pra mim, foi amor à primeira vista. Tu eras todo lindo: as formas, o cheiro, a cor. Era suave e fácil de lidar. Eu, que tanto sonhei em te ter, nem te imaginava tão perfeito. Me levava para todos os lados - graças a ti, conheci os cantos da cidade que mais gosto. Foi uma história bonita. Muito embora eu não entendesse muito sobre a tua "geografia", sempre fiz tudo pra cuidar bem de ti. Te perfumava todo, cuidava para que nada de mal te acontecesse. Assim que eu desconfiava de que havia algo de errado, ia logo me aconselhar com um amigo mais entendido, procurava logo algum especialista. Mas por que essa rebeldia toda? Precisava ser assim com alguém que te quer tão bem? Continuo te amando e vou cuidar de ti, ainda. Entretanto, que fique claro, que se essa birra for longe, te troco pelo primeiro mais atraente e acessível que aparecer. Entendido, Bibi-Móvel ?

Em Copacabana

Imagem
- Buenos dias. - Bom dia! - Ah, a senhora é brasileira... Entáum, olha só: eu sou artesão, e vou moxtrá pra senhora o meu trabalho (com um maço de fios de metal na mão, puxa um e começa a moldar em forma de flor)... - Não, obrigada. -  Vô moxtrá pra senhora (fazendo pequenos objetos), a senhora olha, e só compra se goxtá. - Certamente eu vou gostar (sorrindo). Mas eu não tenho dinheiro para pagar. Desculpa... - Mas, olha, eu... - Moço, desculpa, eu não tenho dinheiro mesmo. - Nunca ví beber cerveja sem dinheiro. Um dia eu ainda vou aprender a fazer isso - e sai, furioso.