Até mais, Lucas. Mas não teve graça

Não teve graça. Tu estavas sempre sorrindo, brincando pelos corredores.

- Relaxa! - sugeria você, mostrando os dentes, a quem chegava de mau humor, pedindo algo com muita pressa.

Tudo bem que tu não levasses nada muito a sério. Estavas certo, tu. Não tá certo, mesmo, ficar encucando com a maior parte das coisas.

Mas, cara, esse negócio de trânsito não dava. Eu sei, eu sei. Também dou minhas rateadas. Tu eras fera no volante, ninguém, muito menos tu, duvidava nisso.

Ok, pensando bem, prefiro crer que tu não estavas sem cinto. E que não estivesses voando.

Que merda, cara. Detesto esses papos caretas. Não é a minha cara, isso. Também odeio te lembrar que nasci muitos anos antes de ti e que tu deverias ouvir os mais velhos. Tenho certeza que alguém já tinha te dito isso.

Tá um saco essa minha conversa, mas quer saber o que é ruim mesmo? Ruim é passar os olhos pela redação e não flagrar os teus olhos curiosos, de menino que quer parecer vivido, prestando atenção em tudo em volta.

Aí, noite dessas, tu topaste com um buraco à toa que acabou com a brincadeira. Essa aí, não teve graça. Não terminando desse jeito.

Baita peça a vida nos pregou, se despedindo de ti.

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