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Sem volta

Demorou, mas Agora que constatei que sempre tento voltar Pra lugares que não existem mais E dar uma nova chance Ao que já teve possibilidade de ser bom pra mim Mas não foi Ou que foi bom, mas já passou, já teve seu tempo Não volto mais

Estávamos ali

Eles estavam ali Os dois Que um dia eu quis Eu estava lá Onde eles estavam Onde já estive com eles Eu também estava lá Não por eles Outras pessoas me levaram até lá Não fazia mais sentido Nem fugir Nem procurar E eles estavam lá Estávamos ali E eu não me movi por eles

Relato de parto

Fazem 3 anos, 9 meses e 7 dias do dia do parto. Ainda espero pacientemente pelo dia em que conseguirei falar sobre ele.

Escrevo como quem precisa

Quando escrevo sobre mim, escrevo como quem precisa, como quem anseia, como quem tem fome, como quem deseja. Ainda assim, reluto. O que produzo não me parece à altura do que sinto. O que sinto não interessa a ninguém. Depois da escrita, o alívio. Como quem mija depois de longas horas de aperto, como quem sacia, como quem goza. Transbordo. Enfim, o fluxo, o deleite. Sigo mais leve.

Deixar pra trás

Deixei alguns amores pra trás. Em comum entre eles, a raiva que eu senti por algum mal que tinham me feito, um vacilo ou descuido. Sofri sim, mas sigo em frente sem olhar pro que ficou. Sei lidar com o luto do que não me fez bem. Mas como me afastar do que não doeu? Preciso mesmo correr pra longe? Não consigo ainda. Ressignifico, transformo. Preciso sofrer pra deixar de verdade? Eu sigo, mas costumo olhar nem que seja de longe. Às vezes me mantenho amiga. Me pergunto se em vez de apenas soltar, não deveria dar as costas. No seu caso específico, preciso matar a expectativa. Mas a verdade é que ainda me alimento das migalhas que você me dá. De toda forma, não é sobre o seu processo, é sobre o meu.

Ela só quer paz

Ela não te raízes ficadas no chão. Troca de trabalho e de casa não sem dor, mas certamente sem sofrimento. Só que agora quer um pouco de paz. Trabalho fixo, carteira assinada, plano de saúde e odontológico, auxílio creche, boletos pagos, nome limpo, endereço fixo, móveis planejados, carro quitado, mensalidades da escolinha em dia, aquele dinheirinho extra guardadinho pra viajar de vez em quando e pra comprar umas brusinha, carrinho de supermercado cheio, parte do dia (pode ser da noite) pra dar atenção total e plena para o filho. Quanto mais ela sabe quem é, mais certeza tem de que tem muito a se conhecer. É um caminho sem volta e não há mais possibilidade de tentar ser outra pessoa. Por ninguém. Por amor a ela. Ela vai encontrar um jeito de ser, apenas ser, e ainda vai entender que isso não é motivo pra que ninguém se sinta ofendido, ferido ou escanteado. Faz parte do processo de cura deixar com os outros o que é dos outros. O tempo é um foguete, ela sabe, e cobra um preço bem

Diálogo

- Tá namorando? - Não. - Ah, por opção, né? - Claro que não. Adoraria me apaixonar de novo.