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Saia e deixa que te saiam

Encara o risco de encontrar/construir o teu lugar. Não te angustia quando te derem as costas. Não tenha medo, pequena, o mundo é grande e tem um lugarzinho pra ti. Um lugar que você quer e onde te queiram também. Não tenhas medo do que não conheces. Ou vai com medo e tudo. Segue o teu coração, desbrava. Saia, deixe que te saiam, que saiam. É o preço que se paga por viver o que se quer e o que é seu. Cuida da tua vida e deixe que cuidem das suas.

Sonho de parto

De repente percebo que a imensa barriga havia baixado e eis que a bolsa se rompe. Aviso que talvez a criança esteja nascendo. Sinto o quadril se abrir, deixo. Uma pessoa que está próxima pede licença para verificar se a criança está nascendo. "Já dá para ver a cabeça", avisa. Não há tempo de ir para a maternidade. Me acomodo ali mesmo, de cócoras e a pessoa ajuda a saída do bebê, o pega pelas mãos. É um bebê perfeito e faminto. "Como corta o cordão umbilical?" Ninguém sabe. Me emociono. Pego o bebê no colo, ainda estamos ligados pelo cordão e dou de mamar. Logo seríamos levados a alguma maternidade para receber cuidados médicos. Acordo impressionada com a força desse sonho. Mais tarde me dou conta de que traduziu o meu ~delírio humanista~ de ter tido e ter proporcionado ao meu filho um parto respeitoso. Ali eu não estava no controle, as pessoas em volta não estavam no controle. O meu corpo estava no controle e foi auxiliado, com empatia e solidariedade, em tod

Mulher de carne e osso

De carne e osso. Um corpo. Humana. Nem santa, nem diaba. Nem anja, nem monstra. Nem heroína, nem imprestável. Sou mulher de carne e osso. Um corpo humano de carne, osso, alma, coração, intelecto, talento, vontades, necessidades, luz, sombra, imperfeições e limitações. Tudo isso e apenas isso.

Pesadelo

Ela estava no banho. Ele chegou irado, abrindo a porta do banheiro, furioso, com ódio no olhar, dizendo a ela que ela tinha pedido, que não parava de pedir. Ela não tinha pedido, mas ele empurrou pra ela o que ela não tinha pedido, mesmo assim. Ela tentava explicar que não queria. Ele não ouvia. Muitas pessoas vieram ver a cena. Ela estava ali, desnuda, querendo ser ouvida. Não foi. Estava sendo julgada. Foram todos para a sala, ela já vestida. Tentou falar e ele a agrediu com um tapa, empurrões. Foram agressões físicas mas que de fato não tinham doído no corpo. Mas doeram. Ela saiu da sala. Foi para o quarto. Estava ferida. Voltou para a sala dizedo que faria uma denúncia. Ele fugiu. Outra pessoa pediu a ela que não o denunciasse, tadinho, estava nervoso e sempre foi tão bom com ela. Ter sido bom com ela não o autorizava a machucá-la, disse ela. Ela acordou chorando. Tinha sido um pesadelo, mas tinha significado demais.

Se joga, mas não te ocupa demais com isso

Estava ali, entregue, disposta a tentar de novo, empolgada como uma criança que sabe nadar e que quer dar um lindo salto de um trampolim para a piscina, mas não aprendeu ainda. O salto não deu certo. De novo. Foi gostoso o impulso, a queda, mas foi como cair de barriga. E ficou uma dorzinha chata depois. Como boa tutora de mim mesma que tenho tentado me tornar… aconselhei à própria criancinha empolgada que vive dentro de mim. Vai treinando, querida. Quem sabe em outra piscina, no rio, no mar. Talvez de outro trampolim. Em algum momento o salto dá certo. Vai se divertindo enquanto ensaia. E te ocupa com outras coisas.

Confusa

Já não queria mais misturar sexo e amizade. Tudo fica muito confuso quando se fundem. Afinal, o que seria a amizade se não uma forma de amar? Difícil não embananar tudo.

Alívio

Aí foi difícil e desafiador admitir pra ela mesma que ele tinha sido uma pessoa importante na vida dela. E foi um alívio contar isso pra ele. Acolhendo tudo que foi, a vida seguiu.