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Medo

- Guria, esses dias fiquei com medo do motorista do táxi que peguei para ir pra casa. - Por que? Ele tentou te estuprar??? - Não, guria. Ele me falou umas coisas. - Tá, mas tipo o quê? - Eu tinha enchido a cara num bar e achava que tava parecendo feliz. Aí o cara olhou bem pra mim e disse: "tu tá triste porque terminou com o namorado, né?" - Sério? Tem certeza que não é um conhecido? O cara podia estar te sacaneando. - Nunca vi na vida. Mas já fiquei com a pulga atrás da orelha. Fiquei mais assombrada quando ele se despediu de mim. Me deu um conselho. Disse que, se eu tava em dúvida, era melhor terminar mesmo. Que quando é amor, a gente reconhece de longe. - Talvez seja bom levar em consideração, amiga.

Eu torço pro Mano!

Aula de Telejornalismo na Unisc, em 2002, pouco antes da tranferência para a UFSM. Eu e a colega Cátia colocamos a cabeça para funcionar. Precisávamos de uma pauta para a reportagem que renderia a principal nota para o semestre. Não lembro qual foi a nossa nota. Mas o trabalho de faculdade, graças à Cátia  me apresentou um cara massa, mesmo. - O Guarani tá com um baita técnico. O cara é motivador, e é brabo que só ele. Tem o estilo do Felipão. A gente acompanha a final do Campenato Gaúcho, vai ser em Venâncio, e mostra a emoção dele na borda do campo! A Cátia entendia de futebol. Eu nem sabia em que série o Guarani jogava. Nem quem era "o tal do Mano Menezes". Meu pai, na época, adiantou que o homem era bom, mesmo. Tinha nascido em Passo do Sobrado e ainda ia fazer nome. - Dizem que o senhor é parecido com o Felipão. O que acha disso? - Quem não gostaria de uma comparação dessas? Ele é o melhor técnico do mundo, hoje. Fico feliz. Mas é bondade das pessoas. O jogo da fin
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Foto: Caio Marcelo Barra da Lagoa. Redes do rancho de pesca do grupo Saragaço secam ao sol. E uma papagaia de pirata perambula na praia.

O amor na prática é sempre ao contrário

Ela acorda e a amiga pergunta: - Sabia que cárie é contagioso? Ela mal lembra o que aconteceu na noite passada. Poucos têm memória tão imune ao álcool para lembrar com precisão. Dois segundos se passam. Ela agora sabe do que a outra fala. Puro preconceito. Era um menino bonito e carinhoso. - Tu te deu conta de que era um guri de rua? Pode ser. Mas eles se despediram desenhando corações no ar. Foi bonito. Engraçado, mas tinha sua ternura. A noite se aproxima. Ela tem encontro marcado com um ex-caso que não vê há tempo. Ele continua inexplicavelmente interessante, embora fútil. Estão na mesa de um bar. Alguém se aproxima. Ela conhece de algum lugar. Sim. É o guri de rua. - Posso sentá aí, gata? - Claro! Tudo bem contigo? - Que tal a gente sair daqui e terminar o que a gente começou ontem? Ela faz de conta que nada aconteceu, sem cortar, nem dar corda. O clima é tenso. Ela precisa mijar, mas é claro que não vai deixar os dois sozinhos. Os 10 minutos seguintes são longos. O rapa

Nem tão puro, nem tão sujo

Gosto de gente fina, elegante e sincera, como disse o cara. Os três, ao mesmo tempo. Esse negócio de sinceridade sem fineza não me agrada. É preciso tato, é necessário trato. Até porque nem toda a verdade precisa ser dita. Fineza sem sinceridade também não presta, né? Cheira a falsidade, algo artificial, forjado. Gosto de gente assim, elegante na essência. Fina e sincera. Sensível na medida certa.

Quem será que inventou isso?

Como explicar a amizade? Não sei. Mas li esses dias, em algum lugar que não lembro, que pode ser resumida como a vontade de ter recordações em comum. Me convenceu.

Introspecção

Tá. Já cheguei à conclusão de que pode ser o frio. Minha alma é assim, meio ursa. E ibernar é preciso. Parti, devagarinho, pra uma viagem pra dentro de mim. Pra dentro dos livros, de filmes. De músicas que me fazem sentir e pensar. "Todo cambia", cantou Mercedes, La Negra. O estado de espírito também. Não sei quão longo vai ser o passeio. Vou ver o que tem de novo aqui. Guardar com carinho o que merece ser guardado. Colocar fora o que não presta mais. Ordenar pensamentos. E ver o que faço com o que sobra. Talvez isso dure um minuto. Pode ser que dure o inverno inteiro. Por ora, hasta la vista!