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Devaneios de uma roteirista insone

Nas páginas do seu diário imaginário as personagens vivem trocando de papel. Até ela. Sem roteiro pré-definido na maior parte do tempo, a graça da novela da vida daquela moça é justamente esta: cenas improvisadas enchem a trama de surpresas, nem sempre boas, mas certamente interessantes. Ora comédia, ora tragédia, quiçá um romance. A protagonista da história está quase sempre de peito aberto pro próximo capítulo.

Pegou carona nos álbuns de fotografia

Viajou tanto, aquela moça. Pegou carona nos álbuns de fotografia. A levaram pra lugares que já conhecia. De alguns, porém, mal lembrava. Alguns não existem mais. Não mais como haviam sido. Revisitou outros tempos. Outras que já fora. Se pareciam com a moça, mas também já não existiam como haviam sido. Reencontrou muitos amigos e amores. A alguns vê, ainda, com mais ou menos frequência. E foi bom saber que continuam perto. Outros não existem mais, de carne e osso. Moram lá, nos percursos proporcionados pela carona com  álbuns de fotografias. Estavam todos em algum lugar do caminho e conversaram muito com ela. Deu um olá pra família. Matou tanta saudade, aquela moça. Se alguém registrasse o rosto daquela moça durante a viagem flagraria muitos sorrisos. E olhos marejados. E se alguém pudesse sentir o que ela sentiu certamente sofreria, um pouco, com aquele aperto no peito. A carona com os álbuns de fotografias fez a moça nascer e morrer algumas vezes. Junto com as pessoas. J